domingo, 1 de junho de 2008

Que se Façam os Trabalhos!

Como todos sabem, todo o profissional possui uma técnica para sua profissão. Nós, professores (não pelo diploma, mas pela postura) obviamente possuímos nossas técnicas que podem ser aproveitadas de outros professores, baseadas em nossa própria personalidade, experiências de vida e etc.

Um professor que se preze deve ter no mínimo o domínio de algumas técnicas. Na minha opinião, estas são:
- Domínio de conteúdo (ossos do ofício);
- Psicologia de Comportamento (ao sentido prático e não teórico);
- Poder de controle de massa (Vargas Style, de preferência);
- Dinâmica em sala (eu nunca prestei atenção em professores que passam toda a aula sentados);
- Vontade (independente da resistência, vontade se mostra mesmo em exaustão);
- Caráter (do tipo: eu sou professor em sala de aula e ponto);
- Organização de Pensamentos (porque não adianta somente saber);
- Didática (na minha opinião, a mais importante).

Eu sei que coloquei algumas características relativas à personalidade do professor, mas são estas características que eu mais trabalhei e trabalho como profissional. São as que, quando aluno mais admirava ou repulsava de meus professores.
Sempre tive um quê de observador e observava o comportamento de todos, inclusive o meu relacionado ao comportamento dos professores em sala de aula. Após ter começado a lecionar, percebi que muitos "showmens" utilizam de muitas técnicas, porém com pouco domínio de conteúdo e que os alunos mais "rebuscados" normalmente tinham uma negação à este profissional e que a "massa" os admirava como verdadeiros mestres.
Como elevar a didática ao extremo sem perder conteúdo e ainda, além de manter o espírito "showman", agradar aos alunos?
Esta pergunta me foi previamente respondida nas turmas da 5ª e 6ª séries.
A resposta básica é: VONTADE DO ALUNO EM APRENDER.

Se eles não estiverem com vontade de aprender, não há técnica que ajude.

Devido as pérolas que vimos antes, reparei dois problemas básicos em praticamente TODOS os alunos: Eles não sabem LER, ESCREVER e muito menos INTERPRETAR.

Então resolvi dar um tiro no escuro. Caso algum professor queira utilizar este método, TOME CUIDADO e corresponda a sua estratégia pedagógica específica para a Direção, pais, enfim, seja lá quem for.

O método é o seguinte:
Foi e está sendo passado semanalmente aos alunos textos "degustativos" relacionados à matéria, valendo -1.
-1?? Como assim?
Quem não fizer o trabalho, perde um ponto.
Por quê?
Porque se for um trabalho como "para casa", eles não irão fazer e os pais não irão olhar.
Porque quando eles estiverem na vida real, as ordens deverão ser cumpridas e caso não sejam feitas, serão eles que perderão crédito e moral perante a comunidade e sua própria índole.

Este texto então será transformando em três partes:
1ª: O aluno deverá fazer uma leitura crítica do texto, marcando as partes que achou mais importantes;
2ª: O aluno deverá utilizar estas partes mais importantes e escrever à mão um resumo do texto;
3ª: O aluno deverá montar uma redação à mão de, no mínimo 15 linhas, contando o que achou do texto e o que aprendeu com ele.

O fator risco:

O trabalho somente terá efeito se a turma tiver respeito pelo professor. Caso a turma não tenha ou realmente não mostre vontade, além de boicotarem seu trabalho, irão te queimar para os pais e para a Diretoria, ou seja, você estará fudido.

Na 5ª série, a maior parte dos alunos aceitou e apoiou o trabalho. Esta sexta, inclusive ficaram me perguntando qual seria o texto da próxima semana!

Na 6ª série, parte da turma boicotou meu trabalho e realmente, com eles, o trabalho vai ser árduo. O incrível é que quatro alunos fizeram (curiosamente os que tiraram as melhores notas: 4,5, 5,0, 5,0 e 5,5).

Aí vem a pergunta mais grave:

A culpa dos filhos saírem vazios é da omissão dos pais que não senso de responsabilidade aos filhos ou dos professores, que quando tentam, não conseguem passar a matéria?


Ah sim! A turma da 5ª Série me elegeu "PROFESSOR REPRESENTANTE DE TURMA" e de lavada!!! E nem um voto para os outros professores!!
Só espero que este mérito não seja uma batata quente.
E fui também elogiado pelo Diretor pela responsabilidade com a turma! Está de bom tamanho, não é?

E respondendo ao Meme do amigo do blog "No meio da Lanterna dos Afogados" que está no meus favoritos (eu esqueci como coloca link brother!!)

I– Qual é a sua palavra favorita?

Atualmente, PAIXÃO.

II- Qual é a palavra que você menos gosta?

Desde sempre, DÍVIDA(S).

III– Qual é o seu som favorito?

Rock, basicamente.

IV– Qual é o som que você mais odeia?

Pagode, Axé e FUNK.

V– Qual é o seu palavrão favorito?

De lavada: FODA-SE. Lava a alma.

VI- O que te anima?

A vontade das pessoas que me cercam e a minha própria vontade de ser melhor sempre.

VII– O que te repugna?

Pessoas que gostam de colocar pedras em nosso caminho.

VIII- Qual profissão, diferente da sua, você gostaria de ter?

Psicólogo, mas só de pensar naquela sala fechada e silenciosa, já fico irritado.

IX- Qual profissão você nunca gostaria de ter?

Depois de três anos tentando ser, jamais seria advogado ou qualquer coisa relacionada a Justiça ou a burocracia em estádo sólido fecal.

X– Se existir o Paraíso, o que você gostaria de ouvir Deus te dizendo quando você chegasse à porta do Céu?

Gostaria de ouvir:
"-Rômulo, não precisa mais voltar. Sinta-se em casa agora."

segunda-feira, 19 de maio de 2008

O Ciclo

4ª Feira - Méier

Não sei se isto é válido para todos os professores, mas um dos sonhos que sempre tive, desde que comecei a dar aulas, era trabalhar nos lugares onde estudei e onde deixei minha marca (que muitas vezes passaram desapercebidas, devido ao meu mumificável comportamento).
Antes de descobrir que poderia ter carisma e ser quem sou, era um cara extremamente tímido, coisa de ficar vermelho se conversasse com mais de duas garotas ou se tivesse qualquer brincadeirinha mais "quente". Resumindo eu era uma múmia. Mas aí quando entrei para os pré-vestibulares fui mudando meu comportamento, perdendo a timidez até chegar a este estágio de não ter a menor vergonha na cara mesmo se desse aula para mais de 500 pessoas (na verdade este é um feitiche que tenho como professor) e ter uma aula um tanto....quente (modéstia a parte).
Então sempre insisti muito desde o início a entrar nestes colégios que estudei, enviando currículos, conversando com todos que fizeram parte da minha vida escolar, do faxineiro ao diretor e, sempre me foi percebido, não somente nestes mas em vários outros colégios que quando viam que eu era (e sou) aluno de uma universidade particular, logo faziam cara de limão ou de "século que vem entro em contato".

CAPACIDADE NÃO SE MEDE POR CURRÍCULO! E SOU A PROVA VIVA DISTO!

Então...
Na terça passada recebi a ligação do colégio que me "acolheu" durante todo o meu Ensino Médio, o que eu mais insisti de entrar, e que, posso estar enganado, mais sofri impasses por pertencer a uma universidade particular. As indiretas sempre me foram muito claras, como a do tipo:

- O não sei quem está fazendo UFRJ, por que você não?

Mas sempre de cabeça erguida encarei e aprendi a esperar meu momento. Um dia ia chegar... e chegou. Esta maravilhosa terça-feira. Obviamente assim que fiquei sabendo da minha aula no dia seguinte, soltei um berro tal como um gol de final de Copa do Mundo!
Na quarta, cada passo que eu dava soava como um filme, a preparação para uma das batalhas mais importantes da minha vida. Aquele pequeno momento, entre 10:50 e 12:30 selariam meu futuro dentro daquele colégio, tinha e tenho certeza disto. A cada segundo me lembrava de uma história que passei, as boas, as ruins e as péssimas. Meus amigos, meus não amigos, meus professores, tudo, e de quebra tentava me concentrar no caminho para o colégio.
Foi um dos momentos mais difíceis de conseguir me concentrar. Era muita coisa em jogo.
Mas quando entrei na sala, me deparei com o Diretor, que me cumprimentou e vários antigos professores meus. Um deles quando soube de minha aula disse:

- Chega mais! Agora você é um de nós!

Minha concentração na hora atingiu um novo patamar. Foi algo inexplicável me sentir a mesma altura que meus professores!
Recebi uma folha de exercícios e em pouco menos de 2 minutos já havia montado mentalmente a aula (foi muuuito foda fazer na frente de todos os professores). Quando o Ditretor me perguntou como seria minha aula dei todos os detalhes, tal como mun relatório, explicando minha metodologia e etc.
O melhor foi a reação de surpresa dele, do tipo:

"-Como alguém de particular pensa assim?" - e ele ainda não tinha visto nada...

Bateu minha hora. A sensação que tive no momento foi quase tão intensa quanto ao do meu primeiro dia de aula na carreira, lá em Rio das Pedras. Haviam me dito que na turma haviam apenas 4 meninos umas 20 meninas, ou seja, era realmente um desafio. Acreditem, meninas quando estão juntas conversam pra caramba e se você for o professor gostosão elas vão conversar porque vc é gostosão e assim vai. Se bober tem até relatório de desempenho sexual (como já me ocorreu em outros momentos)!
A aula deveria ter sido feita em câmera lenta. Me lembro o último filme do Balboa. Sofri, apanhei, até domar a turma e quando domava, era foda. Era como um barco lutando contra a tempestade e a diferença é que eu conhecia aquela tempestade, pois um dia já fiz parte dela. O perfil do aluno ali era bem difícil e como um professor outra vez havia me dito, se conseguisse dar aula neste colégio, conseguiria dar aula em qualquer outro lugar!
Ao exato término da aula o Diretor reaperaceu e deu um recado para a tuma. Este fato me fez confirmar algo.... estava me sentindo observado a aula toda e como ele adivinhou que minha aula tinha acabado, tão repentinamente assim???
A parte boa foi que ele chegou para mim, me cumprimentou e disse com cara de orgulho:
- Parabéns, a partir de agora, você é nosso monitor. Assim que precisarem você será nosso primeiro nome. Para todas as séries.

Missão 0.000001 cumprida. E é só o começo...

Por sinal estava pensando numa frase em homenagem aos que acham que todos que são de particular são inferiores por causa de uma porcariazinha de diploma.

"Estar em um lugar mais fraco (particular) é válido demais. Se estivesse em um lugar forte, seria covardia demais na competição com o resto (públicas)."

Esta é para fechar:

"Limites só existem para quem é limitado."

Até a próxima.

domingo, 11 de maio de 2008

As Provas

De tanto alguns amigos meus pedirem para postar as pérolas das provas do 6º e 7º ano, resolvi postar as dádivas que meus alunos escreveram nas provas e testes:

6º Ano - TESTE

1) Em uma noite de céu claro e estrelado, um viajante encontra-se perdido na floresta e seu GPS está quebrado. ele dispões de dois outros meios de localização. a) Quais são estes instrumentos?

- Catavento
- Buzula
- Bussólar
- Bussôla
- Brussolá
- Lanternas e ferramentas
- Bucha
- Pode pegar mil madeiras e colocar fogo. Pode ligar também para a guarda posteira.
- Colocar fogo na floresta e ver o caminho
- A bunda

b) O viajante poderá utilizar outro meio de localização? Qual?

- Biruta
- Seguindo o barulho das pessoas
- Pelo Sol

3) Relacione terremotos com placas tectônicas.

- Furacão, tornado
- Erosão
- Ferros
- Homdas di çom
- Se os teremoto juta as placas tequitomica, irá ter uma grande explosão.
- É uma explosão imensa que irá matar todos

6º ANO - PROVA

3) a) Que oceanos banham a América?

- Índico
- Antártico
- Pássifico
- Oceano Cilíndrico
-Sim
- Antártica

b) Em relação ao Continente Asiático, identifique seus limites.

- São tantos...

4) a) Num passado remoto, foi lançada a primeira teoria a respeiro do Sistema Solar. Identifique-a.

- o lançamento do Sol
- espaço cíderau
- magma
- Não? Porque o REMOTO só teve uma vez no Brasil.
- Que os Sol giram em torno da Terra
- quando um astronauta foi pro espaço, ele morreu.
- Ta derretendo troço no pólo norte.
- Porque todos pensavam que o sistema solar quebrou e explodiu um foguete
- Planetas

6) Durante o movimento de translação, há períodos em que um hemisfério recebe mais luz que o outro. a) Por que isso acontece?

- O Sol apaga de noite
- A influência da comesanollste (??)

b) Qual a influência do movimento de translação na agricultura?

- Porque a planta vai crescendo mais rapido?
- Sim
- Sereia

7) a) Em que consistem as erupações vulcânicas?

- Guarda em Chamas
- Clima magmático
- Cósa dos terra motu
- A terra está muito quente

b) E os terremotos?

- Quando estão perto do inferno
- As placas são invisíveis e explodem
- As roxa se xocão em bacho e quente.
- Por que as pessoas não pagam impostos para a prefeitura

7º ANO - TESTE

2) Explique as consequências de um péssimo sistema de saneamento básico para a população.

- Sujeira mata
- Donuts
- Auto níveu de mortos
- Não chega abla ma casa das pessoas não tem egoto, çugeira.

7º ANO - PROVA

2) No século XVI, partiram do litoral brasileiro caravelas carregadas de castanha-do pará, caará, guaraná em direção à Europa. a) Como eram conhecidas estas espécies vegetais, naquela época?

- Grãos
- Semente
- Certão
- Biodiversidade
- Ouro e prata
- Comidas do Certão
- Drogas

7) a) As mulheres, atualmente têm menos filhos que no passado. Por quê?

-Por causa dos móveis
- Por que no passado tinha mortalidade infantil
- Por que as mães matam os filhos
- Sim.
- Eu acho porque elas trabalha?
- Porque hoje em dia não é mais como antigamente.

Agora a pergunta que não quer calar:

QUE PORRA É ESTA??

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Revolta

Méier - Del Castilho - Terça-Feira

Pré-Vestibular

Definam pré-vestibular. Ao meu ver é um lugar onde, basicamente alunos se preparam para ter uma vaga dentro das principais universidades do país. Pensem agora no significado de pré-vestibular comunitário. Ao meu ver novamente, é um lugar onde pessoas de várias idades diferentes, normalmente pertencentes às classes menos favorecidas tentam, na marra, competir com quem se dedica exclusivamente e gasta centenas ou minhares de Reais por mês para entrar nesta competição.
O maior problema é que estes alunos de pré comunitário normalmente não tem base, devido ao nosso agraciado sistema de ensino público. Além disto, são frequentes casos de alunos e alunas que ficaram sem estudar por anos, alunos inclusive idosos, que pegaram um caderno pela ultima vez na década de 80 (existem sim).
Ao contrário dos grandes pré-vestibulares espalhados pela Brasil, os comunitários tem um propósito básico: oferecer uma chance a quem realmente precisa e que não tem a famosa "costa quente" quando se formar, ou seja, quem terá que ralar de verdade para conseguir qualquer coisa.
Não posso negar que quando comecei a dar aulas em projetos comunitários tinha em mente apenas o fator experiência "laboratorial". Afinal de contas, ainda não tinha certeza se era mesmo aquilo que queria. Mas aí, na primeira aula da minha vida, que foi numa turma de Segundo Ano do ensino Médio de um pré comunitário em Rio das Pedras ouvi algo que me fez perceber que aquele era meu destino. Esta simples frase:

- Obrigado, professor.


Nunca havia dito isto para nenhum professor meu. O psique do aluno normal é: O professor me dá aulas porque é o meio de sustento dele. Ele deve isto as mensalidades pagas e convertidas em seu salário. Errado. Por 20 anos de vida escolar, eu estava ERRADO.
Aprendi que com um simples "obrigado professor", havia uma necessidade deles, alunos sentirem-se acolhidos por alguém, alguém que, finalmente lhes passasse uma simples mensagem de que o túnel não é tão escuro quanto parece ser e que caso não tenha luz nem o final dele, Não se assuste. A visão não é o único sentido que podemos contar. Muitas vezes o esquecido TATO é o sentido mais precioso.

PROFESSORES E ALUNOS SÃO, DEFINITIVAMENTE, CARENTES DE TATO.

Mas então. No dia seguinte fiquei sabendo através de uma amigona minha da faculdade que um pré-vestibular comunitário em Del Castilho estava precisando de professor de geografia. Seriam duas turmas: uma de aproximadamente 90 e outra de 55 aproximados também. Ela, por ser uma excelente e experiente professora, já havia conquistado o tão desejado "link" entre professor e aluno. De cara aproveitei a oportunidade e "fisguei" a turma. Pela segunda vez consecutiva na minha vida alguém me dava uma chance. E eu era calouro dela! Seria muito justo ela me dizer que não estava preparado, mas ela confiou em mim e sou eternamente grato a ela por isto (não chore quando ler esta parte, tá?).
Peguei uma turma que, por gostar muito dela, não queria que um cara como EU (cara de nerd, baixinho e boca suja) a substituísse. Faria o mesmo no lugar deles. Mas aí, ao final de uma das aulas, um casal de alunos repetiu o feito do dia anterior: agradeceu pela minha presença.
Não poderia desistir destas turmas, pensei. Juntei toda minha força e encarei, desprezei todos os comentários sobre o fato de me desdobrar em aulas para comunitário, como se aquelas pessoas, carentes de ensino e talvez (ou principalmente?) até de esperança não fossem gente.
Tenho orgulho de dizer que continuo dando aula nestes lugares e tenho mais orgulho ainda em saber que 80% da minha didática é proveniente da experiência com eles. Tenho também orgulho de saber que todo meu esforço foi e é retribuído pelos meus alunos (ao contrário do ensino tradicional, público ou privado). AMO dar aulas e não enxergo classe social para isto. Se tiver que lecionar em casa de sapê ou palafita eu leciono no mesmo nível que um colégio de classe muito alta. São todos humanos, todos têm que ter chance de vencer. TODOS.
O mais curioso detudo, é que muitas pessoas, que se dizem "guerreiros da liberdade!", "guerreiros da luta social vermelha", "Marxistas ao extremo" e toda esta babquice são normalente os primeiros a desistir.

NÃO IMPORTA SUA IDEOLOGIA OU SUA RELIGIÃO. SE VOCÊ SE PROPÔS A ALGO, NÃO TRATE SUA PROPOSTA COM DESDÉM.

Muitos destes professores pensam que por ser comunitário, não há a necessidade presencial. Esquecem que são pessoas em busca de um futuro melhor. Esquecem que eles como professores tem um objetivo simples: CUMPRIR SEU TRABALHO. Muitos aparecem uma ou duas vezes por mês, sem ao menos avisar, como se mais de 100 alunos representassem um "caso amoroso", do tipo que se usa por um tempo e depois larga, para quando tiver a fim, voltar como se nada tivesse acontecido. Alunos sentem com a ausência do professor tanto quanto o professor sente a ausência dos alunos. A diferença é que sempre quem sai perdendo é o aluno.
Particularmente, eu tô cansado de ver este desprezo dos ditos "profissionais da educação" quanto suas responsabilidades em comunitários. Se você, leitor ou leitora quiser abraçar a causa, abrace! Mas faça com vontade, a recompensa, vocês terão ao final do ano. Quando chegar lá, conto a vocês.

Até a próxima!

terça-feira, 22 de abril de 2008

De volta!

Então, devido a eventualidades ótimas (ups, início de namoro ^^) demorei pra postar...
Mas tô de volta!

Como se passou muito tempo, vou me dedicar a última semana de aula e suas principais pérolas.

4ª Feira Méier- Vila da Penha:

Chego lá mais cedo para pegar meu pagamento (pobre é um animal desconfiado, né?) e já ficar de consciência tranquila para continuar meu trabalho, quando uma grande amiga minha e também professora me liga perguntando se poderia substituí-la em duas turmas de Fundamental - 5ª e 6ª séries no ... RECREIO.
Primeiro e antes de mais nada, gostaria de manifestar alguns pensamentos:
- RECREIO = terra de emergentes
- emergente = gente sebosa, em minha opinião, do pior tipo possível, normalmente
Pode parecer preconceito, e o que for, mas definitivamente não gosto de pessoas que, por morar em uma porra de condomínio e serem limitados a marcas e clichês se consideram donos do mundo. Óbvio que existem raras exceções.
Mas então, como esta minha amiga já bem sabia de minha linha de pensamento, disse que seria uma ótima experiência (dito e feito) para o meu lado profissional.
Mas aí, quando ainda estava entrando na sala de aula me deparei com uma cena grotesca:
Paredes cobertas de trabalhos de biologia sobre pênis! Com o impacto, logo soltei (esquecendo que estava ao telefone):

- Que porra é esta? Tem um monte de piru na minha sala?
De cara um dos alunos soltou alto:
- Sabia que ele ia soltar uma destas! - como se tivesse ganho uma aposta.
E a professora ao telefone atônita:
- Porra, tô passando mal aqui, te falando das aulas no Recreio e você diz que tem um monte de piru na sala? (e rindo, a escrota)
De cara quando reparei a cena fiquei roxo.
Mas então pra descontrair (mais?) o ambiente, logo comecei a zoar os pênis "adoecidos" das fotos. Principalmente um que parecia um tatuí. Se algém de biologia ler este, explique-me o que causa pênis de tatuí. Espero nunca ter este problema estranho.

Mas a aula foi bem forte, rápida e ignorante. Perguntas rápidas para respostas complexas, porém didáticas. Acho que este molde de explicação está ajudando mais eles.


5ª Feira - Méier - RECREIO:

Inicialmente gostaria de dizer que a primeira impressão que tive foi excelente. Excelente porque, pela primeira vez, daria aula de jaleco! Cara me senti sexy demais naquele negócio! Dá muita moral!!
O melhor foi ver a cara de espanto dos alunos ao verem um sujeito novo pra caralho entrando na sala de Fundamental e DE JALECO! Cheguei na sala estilo Godfather: impiedoso.

5ª série:

Imaginem Malhação. Alguns nerds, o gordinho metido a pegador, o pegador, as patricinhas que fingem pureza, e os mauricinho, filhinhos de papai que se acham o máximo. Só faltava o anúncio da Globo para aquela sala. E era uma 5ª série! E pior. Todos funkeiros com apelidos de personagens de filme de tráfico.
Como estratégia didática, utilizei as diferentes formas de evolução das favelas do Rio para aplicar a matéria. mamão com açúcar, apesar dos estresses típicos de Fundamental. Ganhei a turma, acredito e voltaria a dar aula para eles. Os emergentes são menos aborígenes do que pensei, imaginando...

6ª série:

Errado. É uma escala involutiva, só pode ser! Antes de mais nada gostaria de avisá-los que o palavrão mais forte que falei em uma turma de Fundamental foi "porra" e, mesmo assim, porque me tiraram do sério. Esta sala deveria ter um apelido: INFERNO.
Primeiro:
* Entro na sala com cara de ódio (já sabia um pouco da fama da etnia emergente pré adolescente)
Segundo:
* Em voz alta digo:
- Bom dia! Meu nome é Rômulo. (silêncio)... - Mas pode me chamar de Romulooww.
(ESTA É A PARTE QUE ME ARREPENDO)
A turma de bárbaros saiu do eixo...
e saiu mais do eixo....
e mandei calar a boca.....
e ninguém calou.....
e fui ficando puto.....
e mais puto......
e pedi silêncio batendo no quadro.....
e cagaram pra mim......
e gritei sem soltar som a seguinte reza: (tirem as crianças da frente do pc)
- Seus filhos da puta playboyzinhos de merda! Eu quero dar aula, porra! Não sou que nem o filho da puta dos seus pais que devem dar meter no cú dos outros pra pagar esta porra deste colégio! Puta que o pariu!

Metade da turma me viu gesticulando esta reza como o Chaves e ficou quieta. A outra metade que entendeu a reza me olhou assutada. Ótimo! Ganhei...5 minutos de folga! Vou tentar dar aula!
Aí consegui. Por suados 42 minutos. Minha voz, que aguenta turmas de mais de cem pessoas por mais de 6 horas acabou em 42 minutos. Aí um sujeito playboyzinho me levanta, sem minha permissão e diz assim:

- Aê, fessô! Vou dar uma mijada, valêo? E coçou o saco naminha frente e foi andando.
De cara e em alto e bom tom (o que restava) disse:
- PODE IR, MAS NÃO VOLTA.
A turma, filha da puta, ficou em silêncio pra ver no que dava. (emergentes queimam professores)
Aí o emergente disse:
- O SENHOR SABE COM QUEM ESTÁ FALANDO? MEU PAI TRABALHA NA REDE GLOBO!
Nestes momentos que pedem um "foda-se" redondo, deve-se manter o profissionalismo. Respirei, e falei em tom ártico (com tom de foda-se também):
- NÃO GOSTO DA REDE GLOBO. PODE SAIR DA SALA.

A turma, imediatamente ficou em silêncio. Pelo menos por alguns minutos. No outro tempo e comigo já sem voz, o garoto globinho ficou na dele, sem querer aparecer. Pela mudança de comportamento, fiz um breve elogio a ele na frente da turma. Eles não tem culpa de ter pais que só servem para dar carteirada nos outros.
Ao menos, alguns alunos se interessaram e gostaram da aula. Menos pior.

A partir desta aula, uma coisa incrível aconteceu: Não consegui ficar de pé todo o tempo em nenhuma aula. Todos os alunos do pré vest de Rio das Pedras de noite aos alunos do Fundamental de Brás de Pina se assustaram com meu estado. Foi com certeza, uma experiência marcante a aula para os emergentes.

Na próxima..... que me aguardem..... vou fazer o sangue pobre deles emergir de novo. Playboyzice pra cima de mim de novo é o caralho! \o/

terça-feira, 8 de abril de 2008

Novas Experiências

Opa!

Antes de mais nada, gostaria de dizer que ser fiscal de prova é realmente uma das tarfas mais chatas em um colégio. Você se queima (um pouco) ou faz papel de otário. Não existe vantagem... a não ser pelo fato que você recebe uns trocados por isto.
Agora, quem os alunos não esperem piedade minha na próxima prova...depois que eu descobri que fazer prova é um saco e corrigir pior ainda, trolha nos coladores!

Segunda-Feira, Méier - Madureira

7º e 8º Anos

Monitoria com duas turmas de séries diferentes foi uma experiência nova. Mas não foi previsto. Como todos os alunos do 9º Ano resolveram biocotar minha aula pra ter educação física, então perguntei aos inspetores se teria mais alguém para a monitoria, mesmo que não fosse do dia. Pô gastar dinheiro para fazer nada é um saco e eu tava no cio de aula! Tinha que dar AULA para alguém!
Resultado: três meninas (duas do 7º e uma do 8º) foram à minha sala com aquela cara de "vamos ajudar o coitado".
No início já descontraí o ambiente. Falei uma babaquices e de cara soltei um "foda". Professor quando fala palavras do tipo foda ou mais grave o aluno já fica: "Nossa! Ele é gente!"
Mas é claro que não vou chegar numa sala assim:

- Bom dia, seus putos! (coçando o saco)
- Agora vamos começar logo esta merda de aula porque fudi mal prá caralho ontem!! (e cuspo no chão)
Não consigo imaginar uma reação de turma, mas alguém faria o sinal da cruz provavelmente.
Até os palavrões tem hora para serem utilizados: estratégicamente ou não.

Mas então...
Tive uma nova experiência em sala também. É a primeira vez que tive uma aluna EMO. Com franjinha de lado e tudo. De cara, óbvio, perguntei como andava os pulsos dela (para descontrair, ok?). Ela entendeu a brincadeira e foi bastante participativa na aula, mesmo dizendo publicamente que não SUPORTO estas bandinhas toscas. Rock brasileiro, pra mim teve seu término com o Vossa Excelência dos Titãs. Devem ter aberto uma CPI contra eles depois desta... acho que é por isto que sumiram.
Voltando...
Ao final do meu tempo com elas (ainda ficaria esperando por almas até as 16 hs e eram 15 e pouco), aconteceu algo que achei foda: Elas não foram para a outra aula e continuaram assistindo minha aula e as explicações. Foda né?

2º Ano - Dependência

O aluno faltou mas pelo menos recebi o meu!

Até quarta!

sexta-feira, 4 de abril de 2008

O gás

Quinta-Feira, Méier - Rio das Pedras

Pré-Vestibular

Bem, se tem algo que eu aprendi e bem é a ter o poder de animar ou desanimar muito alguém. Mexer com o psicológico das pessoas foi uma "habilidade natural" desenvolvida e trabalhada por mim desde cedo (óbvio que ainda falta bastante pra chegar no ápice). Esta característica foi um dos fatores que amadureceu meus pensamentos, minhas idéias e também não menos importante minha paciência.
Por que disse isto? A situação da turma era a seguinte:
A maior parte (de origem pública) tinha uma base de conteúdos próxima a zero mesmo no terceiro ano e quando viu o simulado feito pela nossa equipe... tombou literalmente.
Uma parcela desistiu no meio do caminho, deixando o cartão respostas das objetivas e discursivas em branco. Como o esperado desistiram rápido, tal como foram criados desde o início de sua vida escolar financiada pelo nosso honorável poder público.
Por consequência, quando viram o resultado (os poucos que fizeram), perceberam que suas notas foram muito baixas e desanimaram.
Vendo este estado deprimente da turma, utilizei este meu "amado" poder de persuasão (pena que não uso ele pra ficar sempre por cima) para convencê-los de que era apenas o começo e que o vestibular é composto de derrotas o ano inteiro para que a vitória ocorra na hora da prova. Que era um novo ponto de vista que eles teriam a partir daquele momento: O ponto de vista de quem pensa, critica, erra, não desiste e quer vencer na vida.
Estes elementos são fundamentais para a vida e sem eles não tem como progredir.
Óbvio que como bom metaleiro e que sou, incentivei vários gritos de guerra e vitória pra dar aquela animada. Resultado: Ganharam gás e a porradaria continuou. E aguentaram.

Sexta-Feira, Méier - Brás de Pina

7º Ano

A primeira coisa que fiz foi ler o texto do último post. A seguir disse que este é o cenário que, nós, como agentes modificadores do futuro encaramos e desprezamos todos os dias. Que o que não damos valor, outros dão e matariam para ter (Ex.: comida e água). E pedi para que eles abraçassem os parentes que os colocaram para estudar e que eles fazem isto porque querem que eles os superem. O mínimo que eles merecem e esperam é gratidão. Dinheiro não paga isto. O lucro é da alma e do coração e ninguém pode tirar. Disse também que como professor eu exijo que me superem pois, com isto teria motivos de sobra para sentir orgulho deles. Além disto tudo, também disse para darem valor a quem está na frente deles em sala de aula, pois se fazemos isto é porque acreditamos que podemos mudar o futuro.
Quando acabei de falar, três garotas já estavam em prantos, um menino (um dos bagunceiros) estava segurando o choro e o restante da turma gerou algo que nunca vi na minha vida: Algo parecido com uma "energia" de aceitação, como se todos ao mesmo tempo se mostrassem gratos por serem valorizados e por alguém, sei lá, ter mostrado quem é o real inimigo. No mesmo momento meus olhos se encheram de lágrimas e numa tentativa de não mostrar a emoção, iniciei a aula com muita, mas muita matéria....

6º Ano:

Nesta turma repeti o mesmo texto, só que logo vi que, talvez pela maioria ainda ser muito infantilizada apenas acharam bonito o texto. Reparei de cara que o que reinava era a curiosidade pela experiência.
Ahh! Esqueci de contar! A Experiência!
Foi assim:

"Planeta na Garrafa"
Material:
- Duas garrafas pet (ou menor se quiser)
- Areia
- Feijão
- Bolas de isopor

Objetivo:
- Relacionar a diferença de densidade dos materiais da experiência com a formação do núcleo, manto e crosta.
- Aplicar a noção de separação de elementos proposta com a formação do NIFE ( areia), Manto (feijão) e SIAL e SIMA (isopor).
- Criar a famosa "curiosidade geográfica", ausente na vida da maioria da população.

Método:
- Sacudir o recipiente e ver no que dá ^^

Reação da turma: OOOOHHHHHHHH!!!!! QUE MANEIRO!!! COMO ELE FEZ ISSO?? O PROFESSOR É MAGO!!!

Aí eu expliquei a matéria e depois dei aula de exercícios - Rapadura é doce mas não é mole, hehehe
Nem preciso dizer que eles ficaram afoitos por uma nova experiência.

Brás de Pina - Méier

Pré-Técnico:

Aula muuito viagem. Geologia comigo é sempre uma orgia de viagem entendível (normalmente). O professor tem normalmente três opções neste tipo de aula: Ou faz a turma viajar e entender, viajar a boiar legal ou dormir. E não foge muito disto. Quando aluno prefiria a terceira sem dúvidas!
Mas aí aparece o coringa da aula: A vontade de peidar.
Puta que pariu!! Porque professor não pode peidar com vontade?? Caraca! Segurar um peido por uma hora pode me render broxices no futuro!!! E eu não quero isto!!
Sem sacanagem, quando ficar velho no magistério vou peidar sem classe nenhuma na frente da turma... tipo velho bêbado de bar em dia de jogo. Nem espera o gol e já solta os fogos amarradão!

A tática foi ficar atrás do ventilador e falar uma merda. Pô, faltava 25 minutos pra aula acabar e não estava aguentando. Presisava mandar o "gás" antes que a próstata sentisse (por que eu escrevi isto?). Aí na hora da gargalhada eu soltei o maior HAHAHAHA-PLOFT-PLOFT-HAHAHAHA acompanhando a gargalhadada turma.

Leveza reina...

Amanhã fico de fiscal da prova!! Tenho que escrever sobre isto!!! Até sábado ou domingo então!!