quarta-feira, 30 de abril de 2008

Revolta

Méier - Del Castilho - Terça-Feira

Pré-Vestibular

Definam pré-vestibular. Ao meu ver é um lugar onde, basicamente alunos se preparam para ter uma vaga dentro das principais universidades do país. Pensem agora no significado de pré-vestibular comunitário. Ao meu ver novamente, é um lugar onde pessoas de várias idades diferentes, normalmente pertencentes às classes menos favorecidas tentam, na marra, competir com quem se dedica exclusivamente e gasta centenas ou minhares de Reais por mês para entrar nesta competição.
O maior problema é que estes alunos de pré comunitário normalmente não tem base, devido ao nosso agraciado sistema de ensino público. Além disto, são frequentes casos de alunos e alunas que ficaram sem estudar por anos, alunos inclusive idosos, que pegaram um caderno pela ultima vez na década de 80 (existem sim).
Ao contrário dos grandes pré-vestibulares espalhados pela Brasil, os comunitários tem um propósito básico: oferecer uma chance a quem realmente precisa e que não tem a famosa "costa quente" quando se formar, ou seja, quem terá que ralar de verdade para conseguir qualquer coisa.
Não posso negar que quando comecei a dar aulas em projetos comunitários tinha em mente apenas o fator experiência "laboratorial". Afinal de contas, ainda não tinha certeza se era mesmo aquilo que queria. Mas aí, na primeira aula da minha vida, que foi numa turma de Segundo Ano do ensino Médio de um pré comunitário em Rio das Pedras ouvi algo que me fez perceber que aquele era meu destino. Esta simples frase:

- Obrigado, professor.


Nunca havia dito isto para nenhum professor meu. O psique do aluno normal é: O professor me dá aulas porque é o meio de sustento dele. Ele deve isto as mensalidades pagas e convertidas em seu salário. Errado. Por 20 anos de vida escolar, eu estava ERRADO.
Aprendi que com um simples "obrigado professor", havia uma necessidade deles, alunos sentirem-se acolhidos por alguém, alguém que, finalmente lhes passasse uma simples mensagem de que o túnel não é tão escuro quanto parece ser e que caso não tenha luz nem o final dele, Não se assuste. A visão não é o único sentido que podemos contar. Muitas vezes o esquecido TATO é o sentido mais precioso.

PROFESSORES E ALUNOS SÃO, DEFINITIVAMENTE, CARENTES DE TATO.

Mas então. No dia seguinte fiquei sabendo através de uma amigona minha da faculdade que um pré-vestibular comunitário em Del Castilho estava precisando de professor de geografia. Seriam duas turmas: uma de aproximadamente 90 e outra de 55 aproximados também. Ela, por ser uma excelente e experiente professora, já havia conquistado o tão desejado "link" entre professor e aluno. De cara aproveitei a oportunidade e "fisguei" a turma. Pela segunda vez consecutiva na minha vida alguém me dava uma chance. E eu era calouro dela! Seria muito justo ela me dizer que não estava preparado, mas ela confiou em mim e sou eternamente grato a ela por isto (não chore quando ler esta parte, tá?).
Peguei uma turma que, por gostar muito dela, não queria que um cara como EU (cara de nerd, baixinho e boca suja) a substituísse. Faria o mesmo no lugar deles. Mas aí, ao final de uma das aulas, um casal de alunos repetiu o feito do dia anterior: agradeceu pela minha presença.
Não poderia desistir destas turmas, pensei. Juntei toda minha força e encarei, desprezei todos os comentários sobre o fato de me desdobrar em aulas para comunitário, como se aquelas pessoas, carentes de ensino e talvez (ou principalmente?) até de esperança não fossem gente.
Tenho orgulho de dizer que continuo dando aula nestes lugares e tenho mais orgulho ainda em saber que 80% da minha didática é proveniente da experiência com eles. Tenho também orgulho de saber que todo meu esforço foi e é retribuído pelos meus alunos (ao contrário do ensino tradicional, público ou privado). AMO dar aulas e não enxergo classe social para isto. Se tiver que lecionar em casa de sapê ou palafita eu leciono no mesmo nível que um colégio de classe muito alta. São todos humanos, todos têm que ter chance de vencer. TODOS.
O mais curioso detudo, é que muitas pessoas, que se dizem "guerreiros da liberdade!", "guerreiros da luta social vermelha", "Marxistas ao extremo" e toda esta babquice são normalente os primeiros a desistir.

NÃO IMPORTA SUA IDEOLOGIA OU SUA RELIGIÃO. SE VOCÊ SE PROPÔS A ALGO, NÃO TRATE SUA PROPOSTA COM DESDÉM.

Muitos destes professores pensam que por ser comunitário, não há a necessidade presencial. Esquecem que são pessoas em busca de um futuro melhor. Esquecem que eles como professores tem um objetivo simples: CUMPRIR SEU TRABALHO. Muitos aparecem uma ou duas vezes por mês, sem ao menos avisar, como se mais de 100 alunos representassem um "caso amoroso", do tipo que se usa por um tempo e depois larga, para quando tiver a fim, voltar como se nada tivesse acontecido. Alunos sentem com a ausência do professor tanto quanto o professor sente a ausência dos alunos. A diferença é que sempre quem sai perdendo é o aluno.
Particularmente, eu tô cansado de ver este desprezo dos ditos "profissionais da educação" quanto suas responsabilidades em comunitários. Se você, leitor ou leitora quiser abraçar a causa, abrace! Mas faça com vontade, a recompensa, vocês terão ao final do ano. Quando chegar lá, conto a vocês.

Até a próxima!

terça-feira, 22 de abril de 2008

De volta!

Então, devido a eventualidades ótimas (ups, início de namoro ^^) demorei pra postar...
Mas tô de volta!

Como se passou muito tempo, vou me dedicar a última semana de aula e suas principais pérolas.

4ª Feira Méier- Vila da Penha:

Chego lá mais cedo para pegar meu pagamento (pobre é um animal desconfiado, né?) e já ficar de consciência tranquila para continuar meu trabalho, quando uma grande amiga minha e também professora me liga perguntando se poderia substituí-la em duas turmas de Fundamental - 5ª e 6ª séries no ... RECREIO.
Primeiro e antes de mais nada, gostaria de manifestar alguns pensamentos:
- RECREIO = terra de emergentes
- emergente = gente sebosa, em minha opinião, do pior tipo possível, normalmente
Pode parecer preconceito, e o que for, mas definitivamente não gosto de pessoas que, por morar em uma porra de condomínio e serem limitados a marcas e clichês se consideram donos do mundo. Óbvio que existem raras exceções.
Mas então, como esta minha amiga já bem sabia de minha linha de pensamento, disse que seria uma ótima experiência (dito e feito) para o meu lado profissional.
Mas aí, quando ainda estava entrando na sala de aula me deparei com uma cena grotesca:
Paredes cobertas de trabalhos de biologia sobre pênis! Com o impacto, logo soltei (esquecendo que estava ao telefone):

- Que porra é esta? Tem um monte de piru na minha sala?
De cara um dos alunos soltou alto:
- Sabia que ele ia soltar uma destas! - como se tivesse ganho uma aposta.
E a professora ao telefone atônita:
- Porra, tô passando mal aqui, te falando das aulas no Recreio e você diz que tem um monte de piru na sala? (e rindo, a escrota)
De cara quando reparei a cena fiquei roxo.
Mas então pra descontrair (mais?) o ambiente, logo comecei a zoar os pênis "adoecidos" das fotos. Principalmente um que parecia um tatuí. Se algém de biologia ler este, explique-me o que causa pênis de tatuí. Espero nunca ter este problema estranho.

Mas a aula foi bem forte, rápida e ignorante. Perguntas rápidas para respostas complexas, porém didáticas. Acho que este molde de explicação está ajudando mais eles.


5ª Feira - Méier - RECREIO:

Inicialmente gostaria de dizer que a primeira impressão que tive foi excelente. Excelente porque, pela primeira vez, daria aula de jaleco! Cara me senti sexy demais naquele negócio! Dá muita moral!!
O melhor foi ver a cara de espanto dos alunos ao verem um sujeito novo pra caralho entrando na sala de Fundamental e DE JALECO! Cheguei na sala estilo Godfather: impiedoso.

5ª série:

Imaginem Malhação. Alguns nerds, o gordinho metido a pegador, o pegador, as patricinhas que fingem pureza, e os mauricinho, filhinhos de papai que se acham o máximo. Só faltava o anúncio da Globo para aquela sala. E era uma 5ª série! E pior. Todos funkeiros com apelidos de personagens de filme de tráfico.
Como estratégia didática, utilizei as diferentes formas de evolução das favelas do Rio para aplicar a matéria. mamão com açúcar, apesar dos estresses típicos de Fundamental. Ganhei a turma, acredito e voltaria a dar aula para eles. Os emergentes são menos aborígenes do que pensei, imaginando...

6ª série:

Errado. É uma escala involutiva, só pode ser! Antes de mais nada gostaria de avisá-los que o palavrão mais forte que falei em uma turma de Fundamental foi "porra" e, mesmo assim, porque me tiraram do sério. Esta sala deveria ter um apelido: INFERNO.
Primeiro:
* Entro na sala com cara de ódio (já sabia um pouco da fama da etnia emergente pré adolescente)
Segundo:
* Em voz alta digo:
- Bom dia! Meu nome é Rômulo. (silêncio)... - Mas pode me chamar de Romulooww.
(ESTA É A PARTE QUE ME ARREPENDO)
A turma de bárbaros saiu do eixo...
e saiu mais do eixo....
e mandei calar a boca.....
e ninguém calou.....
e fui ficando puto.....
e mais puto......
e pedi silêncio batendo no quadro.....
e cagaram pra mim......
e gritei sem soltar som a seguinte reza: (tirem as crianças da frente do pc)
- Seus filhos da puta playboyzinhos de merda! Eu quero dar aula, porra! Não sou que nem o filho da puta dos seus pais que devem dar meter no cú dos outros pra pagar esta porra deste colégio! Puta que o pariu!

Metade da turma me viu gesticulando esta reza como o Chaves e ficou quieta. A outra metade que entendeu a reza me olhou assutada. Ótimo! Ganhei...5 minutos de folga! Vou tentar dar aula!
Aí consegui. Por suados 42 minutos. Minha voz, que aguenta turmas de mais de cem pessoas por mais de 6 horas acabou em 42 minutos. Aí um sujeito playboyzinho me levanta, sem minha permissão e diz assim:

- Aê, fessô! Vou dar uma mijada, valêo? E coçou o saco naminha frente e foi andando.
De cara e em alto e bom tom (o que restava) disse:
- PODE IR, MAS NÃO VOLTA.
A turma, filha da puta, ficou em silêncio pra ver no que dava. (emergentes queimam professores)
Aí o emergente disse:
- O SENHOR SABE COM QUEM ESTÁ FALANDO? MEU PAI TRABALHA NA REDE GLOBO!
Nestes momentos que pedem um "foda-se" redondo, deve-se manter o profissionalismo. Respirei, e falei em tom ártico (com tom de foda-se também):
- NÃO GOSTO DA REDE GLOBO. PODE SAIR DA SALA.

A turma, imediatamente ficou em silêncio. Pelo menos por alguns minutos. No outro tempo e comigo já sem voz, o garoto globinho ficou na dele, sem querer aparecer. Pela mudança de comportamento, fiz um breve elogio a ele na frente da turma. Eles não tem culpa de ter pais que só servem para dar carteirada nos outros.
Ao menos, alguns alunos se interessaram e gostaram da aula. Menos pior.

A partir desta aula, uma coisa incrível aconteceu: Não consegui ficar de pé todo o tempo em nenhuma aula. Todos os alunos do pré vest de Rio das Pedras de noite aos alunos do Fundamental de Brás de Pina se assustaram com meu estado. Foi com certeza, uma experiência marcante a aula para os emergentes.

Na próxima..... que me aguardem..... vou fazer o sangue pobre deles emergir de novo. Playboyzice pra cima de mim de novo é o caralho! \o/

terça-feira, 8 de abril de 2008

Novas Experiências

Opa!

Antes de mais nada, gostaria de dizer que ser fiscal de prova é realmente uma das tarfas mais chatas em um colégio. Você se queima (um pouco) ou faz papel de otário. Não existe vantagem... a não ser pelo fato que você recebe uns trocados por isto.
Agora, quem os alunos não esperem piedade minha na próxima prova...depois que eu descobri que fazer prova é um saco e corrigir pior ainda, trolha nos coladores!

Segunda-Feira, Méier - Madureira

7º e 8º Anos

Monitoria com duas turmas de séries diferentes foi uma experiência nova. Mas não foi previsto. Como todos os alunos do 9º Ano resolveram biocotar minha aula pra ter educação física, então perguntei aos inspetores se teria mais alguém para a monitoria, mesmo que não fosse do dia. Pô gastar dinheiro para fazer nada é um saco e eu tava no cio de aula! Tinha que dar AULA para alguém!
Resultado: três meninas (duas do 7º e uma do 8º) foram à minha sala com aquela cara de "vamos ajudar o coitado".
No início já descontraí o ambiente. Falei uma babaquices e de cara soltei um "foda". Professor quando fala palavras do tipo foda ou mais grave o aluno já fica: "Nossa! Ele é gente!"
Mas é claro que não vou chegar numa sala assim:

- Bom dia, seus putos! (coçando o saco)
- Agora vamos começar logo esta merda de aula porque fudi mal prá caralho ontem!! (e cuspo no chão)
Não consigo imaginar uma reação de turma, mas alguém faria o sinal da cruz provavelmente.
Até os palavrões tem hora para serem utilizados: estratégicamente ou não.

Mas então...
Tive uma nova experiência em sala também. É a primeira vez que tive uma aluna EMO. Com franjinha de lado e tudo. De cara, óbvio, perguntei como andava os pulsos dela (para descontrair, ok?). Ela entendeu a brincadeira e foi bastante participativa na aula, mesmo dizendo publicamente que não SUPORTO estas bandinhas toscas. Rock brasileiro, pra mim teve seu término com o Vossa Excelência dos Titãs. Devem ter aberto uma CPI contra eles depois desta... acho que é por isto que sumiram.
Voltando...
Ao final do meu tempo com elas (ainda ficaria esperando por almas até as 16 hs e eram 15 e pouco), aconteceu algo que achei foda: Elas não foram para a outra aula e continuaram assistindo minha aula e as explicações. Foda né?

2º Ano - Dependência

O aluno faltou mas pelo menos recebi o meu!

Até quarta!

sexta-feira, 4 de abril de 2008

O gás

Quinta-Feira, Méier - Rio das Pedras

Pré-Vestibular

Bem, se tem algo que eu aprendi e bem é a ter o poder de animar ou desanimar muito alguém. Mexer com o psicológico das pessoas foi uma "habilidade natural" desenvolvida e trabalhada por mim desde cedo (óbvio que ainda falta bastante pra chegar no ápice). Esta característica foi um dos fatores que amadureceu meus pensamentos, minhas idéias e também não menos importante minha paciência.
Por que disse isto? A situação da turma era a seguinte:
A maior parte (de origem pública) tinha uma base de conteúdos próxima a zero mesmo no terceiro ano e quando viu o simulado feito pela nossa equipe... tombou literalmente.
Uma parcela desistiu no meio do caminho, deixando o cartão respostas das objetivas e discursivas em branco. Como o esperado desistiram rápido, tal como foram criados desde o início de sua vida escolar financiada pelo nosso honorável poder público.
Por consequência, quando viram o resultado (os poucos que fizeram), perceberam que suas notas foram muito baixas e desanimaram.
Vendo este estado deprimente da turma, utilizei este meu "amado" poder de persuasão (pena que não uso ele pra ficar sempre por cima) para convencê-los de que era apenas o começo e que o vestibular é composto de derrotas o ano inteiro para que a vitória ocorra na hora da prova. Que era um novo ponto de vista que eles teriam a partir daquele momento: O ponto de vista de quem pensa, critica, erra, não desiste e quer vencer na vida.
Estes elementos são fundamentais para a vida e sem eles não tem como progredir.
Óbvio que como bom metaleiro e que sou, incentivei vários gritos de guerra e vitória pra dar aquela animada. Resultado: Ganharam gás e a porradaria continuou. E aguentaram.

Sexta-Feira, Méier - Brás de Pina

7º Ano

A primeira coisa que fiz foi ler o texto do último post. A seguir disse que este é o cenário que, nós, como agentes modificadores do futuro encaramos e desprezamos todos os dias. Que o que não damos valor, outros dão e matariam para ter (Ex.: comida e água). E pedi para que eles abraçassem os parentes que os colocaram para estudar e que eles fazem isto porque querem que eles os superem. O mínimo que eles merecem e esperam é gratidão. Dinheiro não paga isto. O lucro é da alma e do coração e ninguém pode tirar. Disse também que como professor eu exijo que me superem pois, com isto teria motivos de sobra para sentir orgulho deles. Além disto tudo, também disse para darem valor a quem está na frente deles em sala de aula, pois se fazemos isto é porque acreditamos que podemos mudar o futuro.
Quando acabei de falar, três garotas já estavam em prantos, um menino (um dos bagunceiros) estava segurando o choro e o restante da turma gerou algo que nunca vi na minha vida: Algo parecido com uma "energia" de aceitação, como se todos ao mesmo tempo se mostrassem gratos por serem valorizados e por alguém, sei lá, ter mostrado quem é o real inimigo. No mesmo momento meus olhos se encheram de lágrimas e numa tentativa de não mostrar a emoção, iniciei a aula com muita, mas muita matéria....

6º Ano:

Nesta turma repeti o mesmo texto, só que logo vi que, talvez pela maioria ainda ser muito infantilizada apenas acharam bonito o texto. Reparei de cara que o que reinava era a curiosidade pela experiência.
Ahh! Esqueci de contar! A Experiência!
Foi assim:

"Planeta na Garrafa"
Material:
- Duas garrafas pet (ou menor se quiser)
- Areia
- Feijão
- Bolas de isopor

Objetivo:
- Relacionar a diferença de densidade dos materiais da experiência com a formação do núcleo, manto e crosta.
- Aplicar a noção de separação de elementos proposta com a formação do NIFE ( areia), Manto (feijão) e SIAL e SIMA (isopor).
- Criar a famosa "curiosidade geográfica", ausente na vida da maioria da população.

Método:
- Sacudir o recipiente e ver no que dá ^^

Reação da turma: OOOOHHHHHHHH!!!!! QUE MANEIRO!!! COMO ELE FEZ ISSO?? O PROFESSOR É MAGO!!!

Aí eu expliquei a matéria e depois dei aula de exercícios - Rapadura é doce mas não é mole, hehehe
Nem preciso dizer que eles ficaram afoitos por uma nova experiência.

Brás de Pina - Méier

Pré-Técnico:

Aula muuito viagem. Geologia comigo é sempre uma orgia de viagem entendível (normalmente). O professor tem normalmente três opções neste tipo de aula: Ou faz a turma viajar e entender, viajar a boiar legal ou dormir. E não foge muito disto. Quando aluno prefiria a terceira sem dúvidas!
Mas aí aparece o coringa da aula: A vontade de peidar.
Puta que pariu!! Porque professor não pode peidar com vontade?? Caraca! Segurar um peido por uma hora pode me render broxices no futuro!!! E eu não quero isto!!
Sem sacanagem, quando ficar velho no magistério vou peidar sem classe nenhuma na frente da turma... tipo velho bêbado de bar em dia de jogo. Nem espera o gol e já solta os fogos amarradão!

A tática foi ficar atrás do ventilador e falar uma merda. Pô, faltava 25 minutos pra aula acabar e não estava aguentando. Presisava mandar o "gás" antes que a próstata sentisse (por que eu escrevi isto?). Aí na hora da gargalhada eu soltei o maior HAHAHAHA-PLOFT-PLOFT-HAHAHAHA acompanhando a gargalhadada turma.

Leveza reina...

Amanhã fico de fiscal da prova!! Tenho que escrever sobre isto!!! Até sábado ou domingo então!!

quinta-feira, 3 de abril de 2008

A Hora da Virada!

Quarta-feira, Méier - Vila da Penha

Bem, inicialmente tive uma má notícia: Não daria mais aula nas sextas de noite, pois a procura era muito baixa e era prejudicial para o colégio estar pagando um monitor e ninguém aparecer. Etão certos, mas infelizmente a não dúvida dos outros interfere no meu bolso, ou seja: Que não entendam nada nas aulas e nas provas da próxima vez e me procurem!! Assim eu garanto pro meu (hehehe).

A boa notícia veio em partes nesta quarta. Inicialmente quando chego na sala só havia um aluno. Quando o vi logo pensei: "- Agora já era...perdi."
Mas ergui a crista e fui explicando a matéria sendo o mesmo Romulooww de sempre. Fui de La Niña e El Niño a Economia Mundial e Cartografia!
Aí, com a recuperação da concentração (temos que disfarçar toda hora, não é professores?) começou a chegar mais e mais alunos e minha concentração e empolgação foram aumentando cada vez mais, até o estado realmente normal!
Recuperar a confiança é sempre bom, principalmente quando a maré está contra você.
Aula boa, recuperação melhor ainda. Porém a má noticia é que não apareceu ninguém no primeiro ano e ficou estabelecido que na próxima semana as turmas serão juntadas e, por conseqüência, minha carga mais diminuída ainda. Fazer o quê? Torcer para o pessoal do primeiro ano se ferrar nas provas?? CLARO QUE SIM!!
A dúvida deles significa dinheiro pra mim e isto é ótimo! Melhor pra mim, claro. Quando se trata de negócios de risco (acreditem, pra quem é de universidade particular e quer entrar no mercado de professores bem pagos, a missão chega perto do impossível. Uma falha é fatal e o nível da aula tem que ser muito superior aos de universidade pública para compensar o peso do currículo) , proteger o seu faz toda a diferença. E no caso é expor o meu! Uma explicação foda é passaporte para os bons olhos de todos e além de tudo a quebra de todo um ciclo de preconceitos.

Bem, para as aulas de hoje e amanhã, separei uma supresa que alguns alunos já conhecem. Agora é o primeiro momento para conscientização e o famoso "setocation". O texto é este:

SE A POPULAÇÃO DO MUNDO TIVESSE 100 HABITANTES
seriam:
61 asiáticos
12 europeus
13 africanos
8 norte americanos
5 sul americanos e caribenhos
1 do continente oceânico

50 homens / 50 mulheres
47 vivendo em áreas urbanas
9 com algum tipo de deficiência

33 cristãos(sendo católicos, protestantes, ortodoxos, anglicanos e outros)
18 muçulmanos
14 hinduístas
16 ateus
6 budistas
13 de outras religiões

43 não possuem saneamento básico
18 sem recursos relacionados a água
6 pessoas possuindo 59% de toda a riqueza do mundo
13 sofrem de fome ou são desnutridos
14 não sabem ler
7 têm educação secundária
12 tem um computador
3 possuem conexão com a internet
1 adulto com idade entre 15/49 anos tem AIDS

OS GASTOS MILITARES FORAM DE 1.12 TRILHOES DE DOLARES E SOMENTE DE 100 BILHOES EM AUXÍLIO AO DESENVOLVIMENTO

SE VOCÊ COLOCA COMIDA NO REFRIGERADOR, SUAS ROUPAS EM UM ARMÁRIO, POSSUI UMA CAMA PARA DORMIR E UM TELHADO SOBRE SUA CABEÇA, VOCÊ É MAIS RICO QUE 75% DA POPULAÇÃO

se você possui uma conta no banco, então é uma das 30 pessoas mais ricas do mundo

18 pessoas trabalham para viver ganhando 1 dólar por dia ou menos( +- R$60 por mês)
53 ganhando 2dolares ou menos(R$120 por mês)

APRECIE O QUE VOCÊ TEM E FAÇA O SEU MÁXIMO PARA UM MUNDO MELHOR

www.theminiatureearth.org

Carta na manga amigos...carta na manga.
Agora é torcer para dar o efeito certo!
Torçam por mim!

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Robin Hoods do Pó

Antes de começar a falar sobre as aulas, eu tenho que destacar de novo que professor é humano também. Acreditem, nós erramos, sentimos (normalmente) quando a aluna gatinha faz "chantagem sexual" (para as professoras também ocorre) para nós, e é claro, percebemos quando o aluno te odeia e quando te adora, isso é fato!
Na verdade me importava muito com a aprovação do aluno quanto meu nível de aula. Quando aluno de colégio, eu não tinha a menor piedade e cagava pra determinados professores. Dormia em aula, ficava desenhando a mesa, batia papo direto (de uma forma discreta, senão ia ferir a reputação de "cara de nerd"), participei de guerras épicas de giz e até arremessamos materiais nas pessoas (esta não me orgulho... fomos quase selvagens naquele momento \o/).
Isto, na pele de professor soa totalmente diferente. Um aluno que caga pra você em aula pode significar várias coisas: de "-Porque este puto não cala a boca?" e "-Que droga! Cansei da voz dele!" a "-O que eu devo jantar hoje?"
Então eu tive que aprender a "aular" como um bom beijo longo. Há momentos em que a turma fica em pleno fogo! Mas tem sua hora de cansar. E o professor idem. Está é a parte que eu tenho que aprender melhor. Quem cansa...

Terça-feira, Méier-Itaipú

8º Ano:

De volta aos 3 alunos de sempre, a aula correu como de costume: bem descontraída, explicações densas, porém tão leves que acho que nem sentiram e um pouco de folga. A recuperação daquele susto de dengue foi um sucesso!

9º Ano:

Véspera de prova, turma cheia! Como havia dito, quanto mais próximo do Ensino Médio, mais apimentada é minha aula e, por consequência, maior o nível. Não foi diferente e, sem sacanagem, pisei!
A aula começou e o objetivo era relacionar Revoluções Industriais, DIT, migrações internacionais e migrações de capital/ relações de produção - Nível fácil. Como esta parte é uma das que mais gosto, segui o famoso método pingue-pongue chinês - porradas épicas com respostas rápidas com direito a efeitos! Até aí, perfeito! Quem já tinha aula minha tava gozando e quem tava pela primeira vez (bagunceiros pra variar) ficou assustado. O objetivo da monitoria ali, ao meu ver, era despertar a matéria que eles já sabiam, por isto a boa velocidade da aula.
Até que vejo um Niteróicard (cartão pra passar em ônibus) fazendo fileira no fundo da sala...
...
FAZENDO FILEIRA??????
Não é que um dos moleques raspou a balinha de hortelã (a branquinha da Garoto) e fez de cocaína? E na minha aula??


A DITA CUJA

Quando reparei a cena, um dos moleques da frente pensou alto: "-Tá fudido..."
Obviamente cheguei pro moleque e falei bem alto: "-Ô cheirador de balinha! Tá curtindo a onda??"
E a partir daí o aspirante a dono de boca com cáries chegou pra mim e perguntou:
"- Quer um trago, fessô?"
e eu brincando...
"-Prefiro a pedra bruta.... pozinho de bala é coisa para fracos." (hahahahaha)
Aí o outro (o cara do cartão) diz: "- Pô, fessô, então é mais caro."

Aí vem os pensamentos:
1º Tropa de Elite + Cidade de Deus = Ácido na cabeça de mané
2º Cheirador de balinha?? Pra quê? Catarros refrescantes??
3º Por que não nasci Talibã de vez??

Reparem que depois da última frase surgiu uma discussão inédita: O que é mais caro? O pó ou a pedra? É engraçado.... de uns tempos pra cá ser metido a traficante cheirador virou feitiche de Robin Hood (pega a mina, finge que é mal pra aparecer e acha que roubar a playboy do papai define sua virilidade).

+ = ??????

E pensar que se estes moleques vissem um traficante da vida armados até os dentes iam se mijar todos de medo.... Fazer o quê?
Consegui fechar a discussão sem perder o fio da meada, a aula teve este "momento de descontração" e fluiu bem no final das contas... boa aula com bons freios! Do jeito que eu gosto!

6º Ano:

Foi uma coisa divertida esta aula. Por ser a última peguei bem leve, mas cobrei exercícios. No final da aula a menina disse que sempre que tiver dúvida na matéria vai pedir monitoria individual comigo. Maneiro, né? Fiquei felizão aquela hora!
Missão cumnprida.

Itaipú - Del Castilho

Pré-Vestibular:

Mais uma vez a professora faltou e eu tive que juntar as turmas. Apesar de gostar de salas cheias, neste tipo de caso passa a ser algo chato. Eles sabem que fiz isto para cobrir os tempos e que, talvez se fosse outro professor, não o faria. Se alguém quiser dar aula em pré comunitário, evite faltar e, caso tenha que faltar, ligue para dar satisfação. Os alunos sentem isso e é você que se queima.

A aula teve muito mais momentos de descontração do que conteúdo em si. Fiz de propósito, pois a turma estava um tanto tensa pela falta da professora. Dar aula nestas condições exige muita cautela e com um quadro com menos de 1 m² de área para mais de 90 alunos é foda. Aproveitei a ocasião para puxar mais a aula. O tempo de 40 minutos foi prolongado para quase 80 e foi percebido que eles estão cansando rápido. Eles têm que perceber que é pré-vestibular e o tempo é precioso. Brincadeiras são para relaxar a mente, mas se eles não entenderem que puxar o tempo de aula de vez em quando é realmente necessário, já era. O jeito vai ser aumentar o sério. E rezar para que o tamanho do quadro aumente. Falta de referencial na hora da aula cansa.

Valeu galera! Até a próxima!